CIFRA
E7
Todo o mundo a derrapar bem à direita
A
Mas, aqui, os fachos iam p’ra refugo?
E7
País dos brancos costumes
Mulheres mortas por ciúmes
A
E achavam que escapávamos do jugo?
E7
É melhor que te acostumes
Fortalece a oratória
A
Porque o circo já escolheu o seu verdugo
E7
Vai pegar fogo e vai haver azedumes
A
Nas famílias cá do burgo
E7
Ei-lo lá, todo ufano, no poleiro
A
A arrogar-se defensor do povo honesto
E7
Mas falhou foi no rigor
Não se coibiu de pôr
A
Gente morta a assinar o manifesto
E7
É p’ra combinar com o ror
De perfis falsos e bots
A
Que enaltecem na internet este modesto
E7
Consultor fiscal e ex-comentador
A
Voz do tuga indigesto
E7
E, faltando à promessa, ele continua
A
A ajudar empresas a fugir ao fisco
E7
Tão beato, o fulano
No trabalho, é mais profano
A
Seja lá o que a malta ruja, ele mete o disco
E7
Calhou ao povo cigano
Aguçar os apetites
A
O raposino soube escolher bem o isco
E7
Já nem ser deputado chega
A
Para o ano, que se cuide o Francisco (el papa)
E7
Baixou paulatino o nível do debate
A
Foi medindo a resposta, sempre mansa
E7
Cuspiu na Constituição
Do racismo, é capitão
A
Baseia as propostas todas na vingança
E7
Do Parlamento, a lição
É roubar dicas ao Quaresma
A
A reprovação exige mais pujança
E7
P’ra plateia deslumbrada do bufão
A
Urge vincar a lembrança
E7
Ele convoca o ditador que há em nós
A
Prometendo um Estado mais autoritário
E7
Saúde privatizada
P’ra escola, a mesma facada
A
E logra passar por revolucionário
E7
Rei da solução meada
Bem simplista e por tweet
A
Com ofensa às minoria
P’ra piada
E7
Diz o que preciso for e o seu contrário
A
É um artista da golpada
E7
Não dá mais para aceitar este ultraje (nunca deu)
A
Saber que estão em causa as nossas conquistas
E7
Bota jogo de cintura
Argumenta com bravura
A
Nem tem de ser com ideias marxistas
E7
Uma praça de gente madura (vai, Zeca)
Empatia e resistência
A
Pelo coração, ganhar as parrachistas
E7
Temos de dar de beber à desventura
A
E água ardendo nos fascistas
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