Depois de uma primeira noite com poucos baixos e muitos altos, o segundo dia começou um pouco solarengo até que, a umas horas de começarem os concertos, um nevoeiro cerrado apareceu e começou a criar um ambiente estranho e misterioso. Eu não sou supersticioso, mas não consegui deixar de pensar se não se devia à vinda dos Coven e de alguma feitiçaria feita por eles. Apesar disso, e com uma feijoada à Trinitá na barriga, preparo-me para uma segunda noite do WoodRock, desta vez no palco principal.
Chego um pouco atrasado e apanho as últimas músicas dos Greengo. Pelo pouco que ouvi, consegui perceber que foram uma escolha ideal para abrir a noite, criando uma energia poderosa no pouco, mas bom público que começava a encher o recinto. Vindos do Porto, com um poderoso stoner rock que apenas deixa as pessoas respirarem no final da última música, a experiência que me deixaram foi uma que me soube a pouco, dando-me a certeza que irei estar atento a novas datas.
Com um palco principal muito mais composto em termos de áudio e luz, o parque de estacionamento em alcatrão ia enchendo, com algumas pessoas a aproveitarem para descansar as pernas num anfiteatro natural que se formava à esquerda e que dava toques do palco Mato da noite anterior. Eis que começam os Santo Rostro. Nascidos em 2013, na Espanha, este trio conseguiu manter a energia criada pelos Greengo, com um clássico rock com sabor a grunge.
Com um secretismo a rodear o ambiente, os Coven pedem aos fotógrafos que estavam no fosso para se afastarem só na introdução. Com um palco escuro, ouvem-se uivos e algumas pessoas encapuçadas aparecem, sendo que as luzes só iluminam o espectáculo quando Jinx Dawson emerge de um caixão, que estava no meio do palco. Com um público mais composto, o concerto, na minha opinião, desiludiu um pouco. Não sei se as pessoas estavam enfeitiçadas pelo occult rock dos Coven, ou se por desinteresse geral, mas não senti grande energia, sendo que algumas das pessoas aproveitaram para se sentarem nos fenos de palha que havia espalhados.
Rapidamente a maré mudou com Acid Mess. Também eles de Espanha, ressuscitaram a audiência com um clássico heavy psych, apresentando-se como um trio de guitarra, baixo e bateria. O público aproximou-se e, com um headbanging sincronizado, mostrou amor à banda estrangeira que, apesar de ter feito grande parte do concerto na língua inglesa, mostraram realmente o seu talento e à vontade nas últimas músicas, na sua língua materna.
Acabei a noite a ouvir Asimov, um trio de 2012, de Lisboa, que com um ritmo repetitivo e veloz tentou ainda tirar tudo o que conseguia de um público já mais cansado, com algum sucesso, na minha opinião. Bela maneira de acabar a noite, fechar um pouco os olhos e sentir as potentes batidas da bateria analógica e do heavy pshych que os caracteriza.
João Ribeiro
ESCREVE UM COMENTÁRIO
ESCREVE UM COMENTÁRIO
Ainda sem comentários