O quarteto de metal melódico lançou, no passado mês de Fevereiro, o seu álbum de estreia – “Into the Void”.

Após dois EP’s e pouco mais de sete anos de carreira, é este o projecto que o grupo pinhalnovense nos traz, sintetizando, em nove faixas, toda a sua história.
Lançado independentemente, foi produzido pelo membro dos Shivers e Kazaco – Igor Azougado – e gravado na Ultrasound Studios, na Moita. “Into the Void” é descrito pela própria banda como um álbum pensativo e emotivo, abordando muito os conceitos de “raiva, solidão, arrependimento, depressão e ansiedade”, mas com alguns “elementos de esperança e união”.
Para descrever de melhor forma o álbum e a sua gravação, o Cifras.pt contactou a banda, com algumas perguntas, via e-mail.

 

Falem-nos um pouco do processo de gravação do “Into the Void”: Quanto tempo demorou? Quem esteve envolvido? Onde foi gravado? Como foi o ambiente geral, sentido no processo de gravação e edição?

Nameless Theory (NT) – Pois bem, o álbum começou a ser gravado em Setembro de 2018 e foi terminado quase exactamente um ano depois. Gravámo-lo no Ultrassound Studios, na Moita, com a produção de Igor Azougado.
Nós entrámos em estúdio com a intenção de criar um LP que resumisse os nossos sete anos de história e de captar aquilo que somos enquanto banda e amigos. A gravação acabou por se estender devido à falta de orçamento e de tempo, até porque não fazemos música profissionalmente. Aliás, o facto de cada um de nós ter a vida além da banda condicionou-nos ao ponto em que era raro estarmos todos presentes na mesma sessão: a única vez que estivemos todos juntos durante este processo criativo foi durante a gravação da bateria. No entanto, íamos partilhando os resultados e sentíamo-nos sempre muito motivados e orgulhosos com o que estávamos a fazer. Sim, é verdade: existe um ou outro ponto técnico que até poderia ser melhorado, mas achamos que as nossas músicas são boas e mostram o nosso metal energético e melódico.

 

Existe alguma história caricata que tenha saído dessas sessões?

NT – A gravação dos vocais. Foram imensas as tentativas falhadas antes de, finalmente, conseguirmos ter tudo bem.
Houve 3 ou 4 sessões que tive de faltar porque estava doente e depois tive de me ausentar do país por motivos profissionais urgentes. Quando finalmente conseguimos estar todos juntos, o contador de luz rebentou! Já existiam, por outros motivos, brincadeiras dentro da banda em como estávamos amaldiçoados, mas nesse dia até um céptico como eu tremeu! Mas depois lá arrancou tudo na perfeita normalidade e correu tudo bem.

 

Relativamente ao conteúdo lírico, quais as mensagens predominantes deste álbum?

NT – Como disse antes, o nosso objectivo era resumir os sete anos de história da banda. Por isso, as músicas lá inseridas foram gravadas ao longo de todo esse período de tempo. Existem músicas que foram criadas mesmo no início – como a “Inside” ou a “Slipping” – e outras que foram sendo criadas ao longo do tempo. Claro que fomos evoluindo enquanto banda ao longo desses sete anos e é possível ver essa evolução na nossa lírica. Porém, “Into the Void” tem como fio condutor as emoções: frustração, ansiedade, depressão e desgostos, mas também uma luz ao fundo do túnel. Tentámos explorar e canalizar os nossos sentimentos para a nossa música e superar toda a negatividade de esses temas.
Existe também espaço para alguma ligeireza. O single “Love” fala sobre fazer amor e o “Slipping” tem como base uma crítica política influenciada pela crise económica que houve em meados da década passada.

Quais são as grandes diferenças musicais entre os vossos dois primeiros EP’s e este álbum?
NT
– Acho que as diferenças sonoras partem muito da forma como abordámos a gravação. Quando lançámos o nosso primeiro EP, a banda tinha acabado de se formar e convidámos o Igor [baterista] para dar os toques finais na composição. Na altura, era tudo muito novo para nós, mas gravámos esse EP porque queríamos que as pessoas tivessem uma espécie de “maquete” daquilo que tínhamos para oferecer enquanto banda.
Já o segundo EP, “Ghosts” [lançado em 2015] foi gravado com o objectivo de ser uma introdução ao nosso álbum de estreia que, por razões pessoais, foi sendo adiado e adiado.
O intervalo entre o segundo EP e este álbum foi grande. Não porque a banda tenha alguma vez terminado, até porque iam existindo ensaios, dentro das condicionantes impostas. Porém, em 2018, decidimos todos: “Isto tem de arrancar. Vamos gravar as nossas melhores músicas e tentar voltar a mexer a teoria”. Conseguimos então gravar este álbum com a ajuda do nosso grande amigo Igor Azougado. Tentámos gravar tudo sem grandes artifícios. Afinal, somos uma guitarra, um baixo, uma bateria e uma voz principal. Não valia a pena produzir demasiado o álbum.

 

Existe, na vossa música, alguma influência palpável originária de outros artistas?
NT
– Todos nós crescemos a ouvir metal, mas apesar disso, temos origens musicais um bocado diferentes. O Igor [baterista] vem de ouvir Lamb of God e Slipknot;  o Júnior [baixista] tem raízes nos Korn e nos Deftones; o André [guitarra] vai buscar muito ao hardcore de Comeback Kid; já eu [Pedro – vocalista] tenho as minhas origens no heavy metal, especialmente Iron Maiden, mas de há uns anos para cá tenho consumido só metal progressivo: Opeth, Pain of Salvation, Devin Towsend, etc…
Apesar disto tudo, nunca tivemos uma conversa acerca do som que queríamos abordar nos Nameless Theory. Compomos, literalmente, aquilo que sentimos no momento e somos muito receptivos a todos os géneros. Claro que, ouvindo com atenção, podemos encontrar influências nas bandas que disse ainda há pouco, mas acho que, no final do dia, fomos capazes de construir algo bastante personalizado.

 

A que aspectos atribuem a energia e emoção que vos é tão característica?
NT
– Acho que tem muito a ver com a nossa dinâmica enquanto grupo. Quem já nos viu ao vivo sabe que deixamos tudo em palco. Já nos aconteceu de tudo em palco: nódoas negras, sangue, etc…, mas não deixamos nada por dizer ou por fazer. Isto porque confiamos uns nos outros e partilhamos a mesma paixão desde o primeiro dia. Se já nos chateámos? Claro, é inevitável! Porém, a nossa confiança e amizade mútua sobrepõe-se a tudo, tornando-nos absolutamente genuínos.
Um dos momentos que mais nos marcou enquanto banda aconteceu logo no início: estávamos a dar um concerto num sítio gigante, mas só estavam lá umas 10 pessoas. Para nós, que éramos jovens com a pica toda, doeu-nos um bocado a ausência de aplausos ao ponto que, depois do concerto, fizemos um pacto em como nunca mais subiríamos ao palco a pensar no que as pessoas estão a ver. A partir desse momento, passámos a ver os concertos como um momento de diversão e para libertar um pouco o nosso espírito de todos os problemas. Seja para 10 ou 100 pessoas.

 

Existe alguma faixa, neste álbum, com algum significado especial?
NT – Quase todas. A maioria das canções presentes no álbum são bastante pessoais e representam algo que aconteceu na realidade, quer seja de forma metafórica ou mais ampla. Fica até um bocado difícil de escolher apenas uma…
No entanto, a “Salvation” foi aquela música que nos deu imensos arrepios enquanto foi composta. Saiu-nos naturalmente e escrevemo-la numa só sessão. A letra aborda o sentimento de não ser bom o suficiente e de estar no fundo do poço, mas também como existe uma luz ao fundo do túnel: temos pessoas que estão lá sempre para nós e por quem vale a pena levantarmo-nos. É uma canção que nos dá imenso prazer de tocar ao vivo e se tiverem de escolher uma música para começar a ouvir o álbum, talvez fosse esta a ideal.

 

Podes adquirir o novo álbum através de uma mensagem privada pela página do facebook dos Nameless Theory, assim como ouvir os temas na sua página do youtube.

 

Imagem de destaque (original): Rita Azenha via Facebook

Adicionado por

João Pedro Antunes

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