“Tugas do Rock” é uma rubrica semanal, que consiste numa série de entrevistas rápidas a bandas portuguesas de rock, que o Cifras.pt teve a oportunidade de ter no WoodRock, em Quiaios, no passado mês de Julho. No quarto episódio, partilhamos a conversa que tivemos com a Carol, o Carlos e o Fred, mais conhecidos por Sunflowers.
Musicalmente, como é que vocês vendem a vossa identidade?
Carlos – Opá, de uma forma mais abrangente, rock. De uma forma menos abrangente, talvez
punk psicadélico.
Carol – O que as pessoas quiserem que sejamos. (risos)
Carlos – Exacto. Mas somos um híbrido entre muita coisa.
O que é que as pessoas podem esperar normalmente de um concerto vosso?
Carlos – Muita energia e muito cabelo a voar. Normalmente não se consegue ver a minha cara
porque o cabelo está sempre à frente. Mas no geral, um bocado jarda.
Carol – Ficarem de boca aberta.
Falem-nos um pouco do inicio dos Sunflowers.
Carlos – Eu tinha um outro projecto, uma cena mais folk, sendo que estávamos à procura de
baixista e baterista. A certa altura, apareceu a Carolina como baixista, mas como não
arranjámos baterista, ela aprendeu a tocar bateria.
Aprendeste a tocar bateria? Como foi essa experiência?
Carol – Sim, aprendi a tocar com eles. Foi muito engraçado porque no início era só tipo “pum
pum pum” e hoje já faço cenas mais complicadas. Quer dizer, mais ou menos. (risos)
Carlos – Não, já aprendeste a tocar bem melhor. Mas sim, ela entra como baterista, entretanto
o outro elemento que tínhamos saiu e ficámos só os dois, durante algum tempo.
Carol – Durante 3 anos, fomos só nós os dois.
Carlos – E depois apareceu o Fred. Nós precisávamos de um baixista para avançar mais
criativamente, tanto no espectáculo ao vivo, como no estúdio.
Carol – E já que ele também era nosso amigo, foi mais fácil.
Carlos – Exacto. Ele já conhecia a banda e já tinha tocado connosco algumas músicas, por isso
decidimos meter o Fred, sendo que, felizmente, ele também quis estar aqui. (risos) Se ele não
quisesse era mais complicado…
É a vossa primeira vez no WoodRock?
Carlos – Sim, primeira vez.
O que é que estão a achar? Primeiras impressões?
Carlos – Eu gosto bastante do recinto. Acho que tem um ambiente engraçado.
Carol – Eu adorei o bosque, está muito fixe.
Carlos – Normalmente nós temos uma regra: quanto mais pequeno o palco, melhor. Tu vais ver
quando nós estivermos a tocar, nós concentramos-nos no centro do palco.
Carol – Se nos deixarem…
Carlos – Nós tocamos os 3 em linha, à frente. Normalmente está a bateria no centro e tanto eu
como o Fred estamos um de cada lado, quase em cima da Carol. Estamos ali um bocado
compactos e por isso é que às vezes um palco enorme, para nós, é um bocado estranho, já
que ficamos ali a ocupar só um bocadinho. Também é uma cena mais intimista, estarmos ali
próximos uns dos outros.

Sunflowers – Woodrock 2019
Com o lançamento do vosso segundo EP, “Ghosts, Witches and PB&Js”, vocês
conseguiram fazer uma tour um pouco por Portugal e Espanha. Como é que isso
aconteceu e como é que correu?
Carlos – Exactamente. Tivemos sorte porque nós quando lançámos o disco conseguimos
marcar umas datas e conseguimos falar com o pessoal de Évora, da Pointlist, visto que eles
andavam a marcar concertos. E depois surgiu a oportunidade de eles nos agenciarem. Claro
que nós aceitámos. Um gajo a marcar-nos concertos é tudo o que nós queremos, não é?
Carol – Nós também tocamos em todos os sítios que nos queiram. Sempre tentámos tocar o
máximo possível e aí foi o primeiro ano em que conseguimos fazer realmente isso.
Começámos-nos a habituar e a partir daí foi sempre mais concertos. Mais, mais e mais…
Onde é que vocês sentem que crescem mais enquanto banda? É quando tocam em
concertos ou quando estão fechados numa sala a improvisar e a gravar?
Carol – Para mim, é enquanto estamos em tour.
Fred – Acaba por ser uma mistura dos dois. A estaleca ganhas com o tempo, com concertos,
com ensaios, a fazer discos e a gravar coisas.
Carlos – Bem, eu acho que a cena de tocar ao vivo é das coisas mais gratificantes de ter uma
banda, mas também gosto bastante de estarmos em estúdio a criar as músicas.
Carol – Sim, tem de haver os dois, se não não dá.
Fred – É uma equação, sendo que cada banda tem o seu ritmo. É difícil escolher entre os dois,
já que ambos acabam por ser o que envolve a nossa profissão. É tocar ao vivo, fazer música
e…
Carol – …e repetir. Um ciclo.
Relativamente ao vosso álbum mais recente, “Castle Spell”, falem-nos um pouco das
diferenças entre ele e os vossos trabalhos mais antigos.
Carlos – Eu acho que o “Castle Spell” foi o primeiro disco que demorámos o nosso tempo a
gravar. Ficámos, no total, 2, 3 semanas em estúdio, o que nos deu a possibilidade de
conseguirmos criar músicas mais complexas daquelas que tínhamos.
Carol – Acho que tem um som mais crescido.
Carlos – Exacto, mais maduro e mais pensado. Nós, no primeiro disco e nos outros EP’s
fizemos tudo um bocado à pressa, para despachar as coisas e ser mais barato, não é? (risos)
Por isso, neste aqui, decidimos investir mais um pouco, fazer as coisas com calma, como deve
ser e como queremos.
Carol – E depois também com o lançamento em Inglaterra e França já pudemos promover este
bem melhor que os outros, o que também contribuiu bastante para o processo do álbum.
Para acabar, objectivos a longo prazo? Que palco ambicionam mais, neste momento?
Carol – Acho que nos falta tocar num barco. Já tocámos em autocarros, numa capela e em
sítios muito aleatórios.
Carlos – Para nós é sempre sítios muito marados… (risos)
Carol – Por isso, sim. Um barco era muito porreiro.
Fred – Pode ser uma lancha. Desde que caibamos.
Carlos – E uma mota de água? Aliás, imagina 3 motas de água, uma para cada um.
Carol – Era genial.
João Ribeiro
ESCREVE UM COMENTÁRIO
ESCREVE UM COMENTÁRIO

Ainda sem comentários