“Tugas do Rock” é uma rubrica semanal que consiste numa série de entrevistas rápidas a bandas portuguesas de rock, que o Cifras.pt teve a oportunidade de ter no WoodRock, em Quiaios, no passado mês de Julho. No segundo episódio partilhamos a conversa que tivemos com o Rodrigo, o Peter, o Roberto e o Julius, mais conhecidos por Solar Corona.

 

Sabemos que não é algo fácil de pôr em palavras, mas falem-nos um pouco da vossa identidade musical.

 

Peter – Nós já tivemos que tratar disso, para a bio do Instagram (risos). É um rock psicadélico, com andamento. Talvez space rock.

 

 

Solar Corona. Expliquem-nos um pouco como nasceu e como foi o percurso inicial.

 

Rodrigo – Este projecto vem já de alguns anos. Começou em 2013 e teve uma primeira fase até 2016, com a formação original. Gravámos 2 EP’s (Innerspace e Outerspace), sendo que acabou por ser esse o nosso percurso de iniciação. Depois, em 2016, a banda foi outra vez redesenhada, nomeadamente com a entrada do Peter e do Zé. Desde então começámos logo a trabalhar naquilo que é basicamente o som que estamos a tocar, hoje em dia. O ano passado também foi marcado pela entrada do Julius Gabriel no saxofone e, em Março deste ano, lançámos o nosso primeiro longa-duração, Lightning One. Entretanto, temos andando pela estrada.

 

P – Pois, eles tinham a banda em 2013, já numa altura em que as bandas de Barcelos estavam a dar que falar. Chegaram a tocar em alguns sítios fixes.

 

R – Sim.

 

P – Concursos de bandas e alguns concertos brutais.

 

R – Sim. Era banda de amigos de infância e posso dizer que começámos mesmo da garagem, quase sem saber dar uma para a caixa. Foi todo um percurso até estarmos aqui hoje.

 

R – Depois a banda parou um bocadinho…

 

P – Em 2015, sim. Tivemos ali um período em que parámos um bocado e depois voltámos ao activo, em 2016.

 

R – A banda estava em banho-maria, enquanto nós os 3 andávamos a improvisar juntos. Depois, foi um bocado naquela: temos músicas, temos o nome, vamos aproveitar!

 

 

Como foi esse processo de passar do improviso para músicas mais definidas?

 

P – Foi um processo de transição bastante suave, visto que a questão da improvisação não foi algo completamente estranho para nós. Acaba por fazer sempre parte do processo criativo que vamos tendo. A música nasce desse processo e depois é só uma questão de ir guardando e registando algumas ideias e construir a partir daí.

 

 

A semana passada tocaram no Souto Rock, em Barcelos. Como foi jogar em casa?

 

R – Foi especial…

 

P – Têm que ir lá ver. (risos) Aquilo é um festival fixe, não tem muito por onde correr mal. É pequenino, o palco é montado pelo irmão do gajo que organiza aquilo e é assim um ambiente mesmo intimista. Até faz um banquete enorme, no jardim da casa dele.

 

R – E ali é sempre bom sentir o carinho da malta que está lá connosco o ano todo. Pelo menos, da nossa parte, foi mesmo muito bom.

 

P – Tem uma vibe muito fixe, esse festival…

 

R – … porque também acaba por ser uma festa de amigos.

 

 

Hoje, com um público mais de longe, como acham que correu o concerto?

 

P – Eu acho que correu bem. Da nossa parte, foi bastante bom. Curtinho, mas lá está, nós temos meia-hora, por isso vamos demos o nosso melhor para o concerto ser o mais prazeroso possível e acho que o pessoal curtiu.

 

R – Nós não estamos aqui também para exigir, visto que nos montaram o palco e estiveram a tomar conta de nós enquanto tocávamos.

 

P – Fizemos a nossa cena.

 

Solar Corona - Woodrock Festival 2019

Solar Corona – Woodrock Festival 2019 | Cifras.pt

 

Falem-nos do vosso trabalho mais recente.

 

R – Quando eles (Peter e Zé) entraram para a banda, nós gravámos um pequeno registo. Foram dois temas, a que demos o nome de “Specimen Days”. E agora saiu o “Lightning One”.

 

 

Que diferenças mais notórias há entre esses dois trabalhos?

 

P – O primeiro era para ver o que é que diziam de nós. Sentir algum feedback.

 

R – Acabam por não ser muito diferentes, ou seja, existe uma continuidade, já que esses dois temas voltaram a surgir no “Lightining One”, apesar de ligeiramente redesenhados e reajustados, até porque já contamos com o Julius no saxofone. Quisemos manter os temas e dar-lhes nova cara, ou seja, no “Specimen Days”, já estaria, no meio da névoa, aquilo que depois veio a ser o “Lightning One”.

 

P – Eu acho que a malta se preocupa demasiado em fazer músicas novas. Não é mau, mas às vezes se estiveres a reajustar o teu som, acabas por fazer um trabalho ainda melhor.

 

R – As músicas vão sempre mudando ao longo do tempo e nós curtimos isso assim, sendo que, de concerto para concerto, elas saem ligeiramente diferentes e vão evoluindo.

P – Então, se uma música é boa, a malta não está sempre a ouvi-la na rádio, todos os dias? (risos) Se a música é boa pode-se rodar mais que uma vez.

 

 

Muitas da reviews ao vosso Ep falam de uma velocidade constante e um poder que se mantém por toda a música. Vocês durante a gravação algumas vez sentiram uma música a morrer e decidiram dar-lhe um boost, ou é algo que acontece por intuição?

 

R – As músicas já estavam feitas, apesar da gravação ser o processo que é.

 

P – Apesar disso, toda a produção foi pensada de modo a que a essência do live fosse capturada. Todos os takes iniciais e a base de todos os temas veio de estarmos apenas a tocar todos juntos. Claro que há sempre um ou outro ajuste, mas se calhar a cena da velocidade constante e do ritmo estar sempre rápido também nasce daí. No final, é aquilo que nós queremos tocar e foi-nos dado espaço para que isso transpusesse na gravação.

 

R – Nós temos tudo preparado para tocar ao vivo, aliás, nós começámos a banda a improvisar em concertos ao vivo. Depois fomos para um estúdio, num corredorzito, onde gravámos (risos). Parecendo que não, muda completamente a coisa, visto que estás de headphones, num ambiente muito mais controlado. Aí sim, tens que pôr a velocidade constante e tem de soar a isso. Nesse sentido, trabalhar com a malta certa é muito importante.

 

P – Mas é bom saber que isso foi transmitido e de certa forma conseguimos dar a volta à coisa.

 

 

Falem-nos de projectos futuros. Que grande palco ambicionam?

 

R – Felizmente temos tido a oportunidade de participar numa série de festivais, com boas salas e bons concertos. Diria que, se calhar, agora, temos uma ambição de ir além fronteiras, fazer mais coisas lá fora e abrir o nosso horizonte.

 




Adicionado por

João Ribeiro

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